Vitor Pirralho & U.N.I.D.A.D.E. - Pau-Brasil (2009)

Vitor Pirralho & U.N.I.D.A.D.E.
Pau-Brasil
(2009)


1. Programa de Índio
2. Tupi Fusão
3. Língua Geral
4. Divórcio
5. Carne e Aval
6. Extinção Abundante
7. Siga Lá
8. Sinistro
9. Index
10. Versos Negros
11. Abaporu Self Serve-se
12. Unidade

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“O homem que come self serve-se a si próprio”

Foi com seu Rap-repente antropofágico de origem afro-indígena sustentado na cultura alheia que Vitor Pirralho (Vitor Lucas Dias Barbosa) ganhou a graça, não só de artistas como Zeca Baleiro e Pedro Luiz, mas também de conselheiros, curadores, jurados e produtores dos projetos culturais mais respeitados do país.

O Vitor Lucas Dias Barbosa é professor de literatura brasileira e língua portuguesa, em sua atividade diária entrou em contato com a Antropofagia oswaldiana e encontrou no discurso do Manifesto a inspiração para suas músicas. A partir daí entra em cena o Vitor Pirralho, rapper que assume o princípio da devoração crítica da cultura inimiga, para assim aprimorar a sua própria cultura.

Pirralho faz Rap, não no sentido restrito da palavra, ele faz Rap sem preconceitos. Sua música se utiliza de batidas eletrônicas que remetem ao estilo americano, no entanto, não se limita a isso, incorpora elementos regionais, africanos e jamaicanos. Seus temas são variados, mas com coerência, vão do social ao regional, do lingüístico ao paisagístico, do cultural ao desbunde. Uma verdadeira miscelânea rítmica e temática com sotaque alagoano.

A banda UNIDADE é composta por Pedro Ivo Euzébio (bateria e programações), Dinho Zampier (teclados), Luciano Rasta (percussão), André Meira (baixo) e Aldo Jones (guitarra).

Pau-Brasil, seu segundo CD e trabalho atual, se baseia na tríade da colonização brasileira: o português (branco), o índio e o negro africano. Tríade responsável por toda essa miscigenação cultural e social dos dias de hoje. Neste disco, ele ainda conta com as participações, mais que especiais, de: Wado, Cris Braun, Marcelo Cabral e Chamaluz.


Prêmios:

1. Premiado em 2003 pelo Alagoas em Cena, programa do governo estadual de incentivo às artes, com isso conseguiu recursos para gravação de seu primeiro trabalho.

2. Em 2008, foi selecionado entre mais de 3.000 inscritos de todo o Brasil para participar do Programa de Mapeamento Cultural Rumos do Instituto Itaú Cultural edição 2007 - 2009, que mapeia as mais importantes formas e expressões artístico-culturais de todo território brasileiro. O fruto deste mapeamento é a série de shows no programa Rumos da Música exibidos pela TV Cultura nacional e uma série de DVDs com entrevista e apresentação do artista no teatro do Instituto Itaú Cultural na Avenida Paulista em São Paulo.

3. Selecionado em 2009 pela Funarte (Fundação Nacional de Artes) e MinC (Ministério da Cultura), Vitor Pirralho é um dos 54 artistas de todo o Brasil que integram o Projeto Pixinguinha 2008-2009. Prêmio este que possibilitou a gravação de seu 2º CD, Pau-Brasil, e o lançamento do mesmo em um circuito de apresentações em três cidades do estado alagoano.


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Vitor Pirralho & U.N.I.D.A.D.E. - Devoração Crítica do Legado Universal (2008)

Vitor Pirralho & U.N.I.D.A.D.E.
Devoração Crítica do Legado Universal
(2008)


1. Prólogo Interessantíssimo
2. Vox Populi
3. Côco Style
4. Força E União
5. Made In Nordeste
6. Mistura Homogênea
7. O Palhaço
8. Na Moda
9. DiALeto
10. Wor(l)d
11. Jogo Da Verdade
12. Vai Que Dá (Pererê Parará)
13. Som Da Alteração
14. Maçaió

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À corte, o corte: O Rap antropofágico de Vítor Pirralho.
Por Tainan Costa

Os que se deixarem levar pelo desejo crítico de classificar o que canta e escreve Vítor Pirralho terão pela frente uma tarefa difícil, se levarmos em conta a quantidade de referências históricas e sociais carregadas por ele. A princípio Vítor e sua banda, a Unidade, fazem Rap, assim simples e seco, ritmo e poesia ao melhor estilo da música urbana, direcionada para as alegrias e agruras que o cotidiano de quem vive nas cidades pode proporcionar, porém um olhar mais atento revelará que não se trata de música sectarizada, direcionada para a favela, unilateral ou possuidora de qualquer preconceito, como gostam os mais receosos ou os que se sentem atingidos pelas denúncias de classificar o Rap. A primeira coisa que chama atenção é a perfeita compreensão de cada palavra cantada por ele, Vítor consegue se fazer entender aos ouvidos de qualquer um. Juiz, réu, político, excluído ou privilegiado socialmente podem ouvir as crônicas e reportagens presentes nas letras. É um dos poucos rappers que não apela para o recurso fácil da gíria, mais comunicativa em alguns casos, porém capaz de selecionar ouvintes. A esta habilidade de se fazer entender somam-se uma série de referências, que vão desde a Antropofagia ao cenário urbano de Alagoas (o que alguns de nós chamamos de Universo Al), acrescenta-se ainda o aspecto de quem conhece o idioma, um estudioso da língua que é Vítor Lucas Dias Barbosa, aqui tratado sob o vulgo Pirralho, assim aos poucos quem o ouve entra em contato com aspectos do Latim na língua portuguesa, com a retomada das idéias modernistas de Oswald de Andrade, com referências literárias que atingem Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto e Jorge de Lima, até chegarmos na faceta mais crua do Rap: denúncia social, música comprometida com o meio social. Certamente Vítor Pirralho e a Unidade não servem para protagonizar comerciais de refrigerante. Estamos diante de alguém que trilha um caminho distinto no movimento Hip Hop, alguém que caminha paralelamente ao que é produzido no eixo cultural Rio-São Paulo e que justamente por isso congrega em seu som referências distintas, únicas.

A quem conhece Rap e não conhece Vítor basta dizer que seu som cruza o vértice aberto pelo brasiliense GOG, dono de letras cujas referências sociológicas são explícitas. Outro ponto é preocupação de Vítor em transportar para as letras conhecimento, verdade intelectual natural, o que em palavras mais explícitas demonstra aquilo em que Vítor acredita e que os Latinos expressaram bem na expressão Intellectus Lummnus est: inteligência é luz. Conhecer é poder. Pensar é causar, nas palavras do poeta português Fernando Pessoa.

Há ainda capacidade para deglutir influências do Rap americano e cuspí-las com marcas tipicamente brasileiras e nordestinas, tudo revestido por senso crítico para não se deixar levar pela rima fácil, comercial.

Diante do status de música comercial e ferocidade com que a mídia assimilou e deturpou o sentido original do Hip Hop, convém ouvir Vítor, convém conhecer a realidade que este cronista nos propõe, a simplicidade com a qual ele encara temas que para muitos são coisa de intelectual e que ele mastiga e regurgita na mente dos que acham que pobreza é o mesmo que falta de informação e incapacidade de olhar o mundo do ponto de vista crítico e construtivo.


União Não Influenciada Demagogicamente Antropofagia Determina o Estilo (U.N.I.D.A.D.E.)

“Só a antropofagia nos une”. Esse é um dos princípios do Manifesto da Antropofagia, elaborado pelo escritor Oswald de Andrade.

Antropofagia: Ritual Indígena que consiste no canibalismo; devorar a carne do inimigo absorvendo suas virtudes e, dessa forma, tornando-se mais forte.

Antropofagia (cultural): Ritual artístico (música, literatura, pintura, dança, teatro, etc). Que consiste no canibalismo; devorar culturas – independente de suas nacionalidades – absorvendo suas virtudes e, dessa forma, tornando-se mais na forte na criação da própria cultura.

Só a antropofagia nos une, mas tal união não pode ser demagógica, é necessário fazer uso do filtro – selecionar o que vai ser devorado, apropriando o que interessa e expropriando o inútil. O título desse álbum é uma referência ao artigo do poeta e crítico literário Haroldo de Campos: “Da Razão Antropofágica: Diálogo e Diferença na Cultura Brasileira”, na qual ele define a antropofagia como a devoração crítica do legado universal.

Bom apetite.


Vitor Pirralho


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